Nós, os humanos, também somos uma espécie que aprende ao absorver, entender e praticar o que nos foi transmitido por alguém que certamente nos chamou a atenção. Aprendemos a andar depois de observar por muito tempo como ao nosso redor os outros da espécie estão em pé e movendo as pernas. Aprendemos os sons que formam palavras depois de passar um longo tempo observando e ouvindo outros da espécie falando. Além de observações e repetições até o aprendizado definitivo, temos o incentivo, estímulo e os exemplos, ajudando na formação e desenvolvimento.
Depois de milênios repetindo os ciclos de aprendizado, chegamos ao agora com uma tolice que precisamos nos livrar rapidamente. O exagero na inspiração, o uso palavras básicas, gírias, gestual, está matando uma das características da nossa espécie: a forma natural ser (que nos permitiu formar personalidades diferentes e evoluídas). Este exagero tem se manifestado de forma doentia, alterando até características físicas e tem provocado confusões mentais, para responder a uma pergunta simples e necessária: quem sou eu?
A desesperada necessidade de aceitação, aparece como uma possível causa de todo este exagero na inspiração. Quando uma pessoa repete a entonação de voz, o tempo da fala, as gírias, as características marcantes na expressão oral de uma referência no que hoje chamamos de “pessoa da quebrada”, o sinal de alerta acende. Será ainda mais perceptível essa mais do que exagerada inspiração, ao encontrar essa pessoa nas escadas ou elevador do condomínio na área nobre, sabendo que nenhuma das características do entorno sequer, se aproxima do ambiente ou contexto de uma “quebrada”. Neste exemplo corriqueiro, temos o indicador da tolice aguda que está evoluindo a ponto de um problema maior. Para uma pessoa ser aceita entre as pessoas da “quebrada”, para circular entre elas e ser aceita nessa “comunidade”, tem a percepção de que não poderá ser como é naturalmente.
O exemplo acima é apenas um convite a projeção dos mais diversos cenários onde está nítida a tentativa de ser igual, pertencer ao que em algum momento chamou a atenção. A tendência de considerar isso apenas um comportamento restrito aos jovens e adolescentes, é caminho errado, não se aplica ao que é proposto neste texto. Podemos perceber em pessoas consideradas mais maduras, o mesmo exagero. Quando a inspiração passa do limite, muda para imitação, cópia. Tolice que transforma a busca por aceitação em rejeição, quando mais pessoas tem acesso ao “original”, percebendo que não é natural e acionando o mecanismo automático de repulsa, mesmo que pareça engraçado, divertido, será rejeitado.
Quando há exagero na inspiração, nos igualamos aos objetos feitos e reproduzidos em moldes. Sem perceber, transformamos potencial em limitação, anulamos a novidade, a surpresa positiva, a imprevisibilidade. É mais fácil manipular ou dominar quando já é conhecida a forma ou características, quando o “jeitão” do conjunto das vítimas é igual. Podemos nos inspirar nas mais diversas formas que conquistam a nossa atenção, como no processo de aprendizado que tivemos para falar, andar, comer e tantas outras ações da nossa natureza. Mas, colocamos na testa o carimbo que identifica quem se entregou a tolice, quando a inspiração passa do limite e vira imitação exagerada.
Em algum momento vai surgir a pergunta: quem tu és? E, a resposta sair com a voz, as palavras, o jeito de ser de alguma outra pessoa, refaça a pergunta até que a tua natureza se manifeste e seja percebida. Não é obrigatório, não é uma lei, muito menos uma regra ou receita para qualquer coisa. Somos livres e assim espero que continuemos enquanto nossa espécie existir. A proposta é apenas uma antitolice.