Ao perguntar sobre um desejo que se sabe da impossibilidade de realizar, não é raro ouvir: ficar invisível. Entrar e sair de lugares, estar em uma cena ou acontecimento sem que ninguém possa te ver e a hora que desejar. Isso mexe com a imaginação de algumas pessoas e tem uma relação interessante com a realidade de outras. É humanamente impossível ficar invisível, sabemos disso, mas, em metáfora, dependendo da situação e de quem estamos falando, é “necessário”.
Um assunto que divide opiniões, desperta reações emotivas e enérgicas, possui diferentes pontos de vista e não escapa de muitas tolices, é o que chamamos de drogas ilícitas. Desde as mais faladas e comuns, como maconha, cocaína, craque, até as mais “elitizadas” como metanfetamininas, LSD, opioides, ácidos. Sei que irrita muita gente, mas, colocarei tudo em um mesmo cesto: drogas ilícitas. Acumulando tolices, criamos termos e classificações para poder falar na mídia e temos um padrão estabelecido de como abordar o assunto, seja para inflamar ou acalmar os ânimos. É fato inegável que não é apresentada a verdadeira face interessada em drogas ilícitas.
Os invisíveis impedem avanços significativos no assunto. Apresento neste breve texto, uma percepção que tenho e ainda não encontrei similar, ao alcance das minhas pesquisas e relações sociais. Pode parecer óbvio demais, então peço um acompanhamento completo do raciocínio, antes que tu tenhas opinião fechada. Para acabar com a existência de drogas ilícitas, podemos e devemos transformá-las em lícitas. Só de ouvir esta frase, os invisíveis começam a agir e poderosos que são, neutralizam qualquer argumento, qualquer sinal de que alguém possa pensar na proposta. “É um problema de saúde pública”, vão berrar alguns, “é coisa do diabo”, gritarão outros, “uma insanidade, vai induzir nossos jovens à morte” e tantas outras frases prontas, carregadas de tolices e com a intenção de mudar o foco, como se o que temos hoje não seja exatamente o que estão tentando vender como consequência “óbvia”. É uma troca de sinais, inversão de sentido e significados. O que a histeria apresenta como futuro, na verdade é o passado e presente juntos e em andamento.
Inevitável comparar com outras porcarias, como cigarro e bebidas alcoólicas. Mas, saindo do clichê, ao colocar também em um único cesto (cigarro, bebidas e droga) considerando tudo uma única porcaria, o desvio que os torna tão atrativos, tanto para jovens, quanto para adultos e idosos, está no mesmo ponto de partida. Não é questão religiosa, nem social, não surge do nada na cabeça de pessoas frágeis e não se torna doença sem que antes tenha este ponto de partida: o business. Em bom português, o negócio, lucro, mercado, consumo, dinheiro e mais dinheiro. “Se a pessoa tiver Deus no coração, não vai pensar em drogas”, antes disso, se não for um business interessante, não haverá drogas. “Se o estado der atenção social, os jovens perdem o interesse em drogas”, antes disso, se o produto droga não gerar lucros, os invisíveis não vão produzir e ofertar a quem quer que seja. “Se houver família (tradicional) estruturada e boa educação em casa, combatemos as drogas”, antes, se não houver um mercado a ser explorado, não tem quem ofereça a porcaria toda. Perceba a correlação com cigarro e bebidas, quem se interessa em produzir, está pensando somente e exclusivamente em dinheiro. Jamais existirá alguém produzindo qualquer coisa que seja vendida em larga escala, trazendo prejuízo. Jamais será somente por ser do diabo, por sadismo, para acabar com a família tradicional e destruir a sociedade. Há formas lucrativas para isso também, business para cada um dos pontos citados. Se retorna lucro, gera dinheiro, existe alguém interessado em participar.
Neste momento da história, as drogas ilícitas não são transformadas em lícitas, por um importante e desconhecido fator: será desastroso para os invisíveis a participação direta deles no business revelada. A verdadeira origem de fortunas aparecendo sem que seja possível disfarçar. Religiosos? Sim, aqueles que berravam o combate, a guerra às drogas em nome do “Senhor”, vão aparecer a frente de imensas produções, afinal, NENHUM deles vai querer largar esse business. Estando agora lícito, deixa de ser do diabo. Políticos amados e idolatrados? Sim e muitos! Por se tornar desnecessário recorrer a manobras, gambiarras e a complexidades para esconder de onde vem tanto dinheiro, como fazem hoje, vão continuar no business, mas, não será possível disfarçar o quanto hipócritas estiveram até agora. E os famosos da mídia? Estes também vão continuar produzindo e oferecendo ao mercado consumidor, continuarão criando frases de efeito e estorinhas para convencer de que nunca fizeram nada de errado, não estavam em busca de moral e bons costumes, nem de reputação ilibada como em outros grupos. Apenas vão seguir no business, agora sem ter como disfarçar origem verdadeira do dinheiro.
Perceba quem são os invisíveis. Eles já atuam neste business das drogas ilícitas, de formas muito variadas e criativas. Este cenário de falso combate, falsa moral, falso conhecimento, além de alimentar as fantasiosas interpretações do assunto, faz com que o business seja sustentado “eternamente”. Aos que conhecem um pouco da lógica de negócios ultra interessantes, os invisíveis são beneficiados pela retroalimentação, termo bastante utilizado neste ambiente, também relacionado com a desejada recorrência. Perceba que os invisíveis não são os usuários, consumidores, transportadores, comerciantes ou traficantes. E, se na tua imaginação, quem movimenta este business é uma pessoa de aparência horrorosa, que fica em um ambiente escuro e tenebroso, violento, tenho que lamentar. Além de não entender o que está escrito, a tolice te impede de ver o que está bem próximo de ti. Pessoas que no teu imaginário são puras, de inquestionável bondade e sabedoria, exemplos de sucesso na vida, hoje mesmo podem estar no selecto grupo dos invisíveis. Entre eles não há segredos e não haverá um só que queria sair deste negócio enquanto gerar muito dinheiro. Eles só não desejam que tu saibas de onde vem tantas virtudes, a fonte do dinheiro e de qual mercado brota a riqueza que estão acumulando. Por isso, invisíveis. Por isso também, “não vamos mexer com isso agora”.
Laranjas, boi de piranha, corromper aqui e ali, dos nossos, criatividade, um passo à frente. Deixa assim, ninguém precisa ver isso. Como aquele desejo de ser invisível, humanamente impossível, ao tornar lícitas as atividades deste business, surgirá uma verdade incômoda, o nome dos invisíveis. Podemos considerar até uma tolice da parte deles, uma preocupação desnecessária. A história está carregada de momentos em que logo esquecemos e segue o fluxo da vida. Em um primeiro momento poderá haver quem perceba que os invisíveis sempre estiveram no business, mas, logo esquecerão e a preocupação deles será novamente “racional”: se dá lucro, faremos e venderemos. Quem ganha e quem perde, não se altera. Business.
