Exército De Imaginação.

               Uma das tolices mais conhecidas é “empurrar com a barriga” aquilo que ficou complicado de resolver. Barriga inclusive tem tudo a ver com exército, é o que vemos quando um militar aparece. Visão que sugere tema de estudo, sendo alvo falsear ou validar que muito dinheiro e poder, resultam em panças vexatórias. O que vemos atualmente é o contraditório, onde no imaginário popular, a pessoa militar é fisicamente forte, corpo atlético, preparada para desafios, pronta para combate, porém, a realidade é de pessoas “ricas”, que não obedecem às regras sociais por acreditar em superioridade, com prole “dodói” que depende de pensão ad aeternum, encontradas facilmente no exterior e com aquela aparência real de quem não fez nenhum exercício físico nos últimos 10 anos.

               Não adianta usar o passado para fantasiar o presente, não tarda e a falsa imagem se desfaz. Hoje provamos a realidade com multimidias, números, dados, informações e acesso até ao que era para ser “segredinho”. Por que sustentar uma fantasia, se ela está cara demais pelo retorno que proporciona? Tolice. Até aqui, nenhuma novidade, apenas uma introdução com inegável cenário, sintetizado para não ficar apertando feridas expostas que doem mais pela vergonha do que por não ter cura imediata.

               Um exército de imaginação. Saindo a guerra, entrando a paz. Trocando o rastejar na lama carregando uma arma, por inteligência. Saindo o “Army”, entrando o “Brainy”, de preferência inspirado em Brainet (referência a Miguel Nicolelis). Tudo diferente, premiando quem evita conflitos, formando pessoas de alta capacidade intelectual. Quem entra vai para o comando, quem está no topo da hierarquia vai para a linha de frente. Saindo o quartel, entrando o ambiente hitech. Trocando o recruta com humilhação obrigatória, pelo que chega em exímia forma física, mental e que seja capaz de provar que estudou muito e absorveu o que aprendeu. Obviamente, por segmentos, as atuais ciências exatas, biológicas, sociais, desde que comprovadamente em alto nível.

               Um exército de imaginação. Já temos outro cenário formado, outra lógica, outros alvos, novos desafios. Saindo a pança dos “preparados” para lutar pela a soberania e combater as “invasões de inimigos”, entrando pessoas capazes de equilibrar corpo e mente para tomar decisões coletivas com assertividade, pessoas prontas para pensar com a cabeça e não com o intestino, apesar de ter este muito bem cuidado, como fruto da própria inteligência. Saindo a pessoa paranoica pançuda arrogante de ignorância extrema, aquela que só tem olhos para o passado, que distorce o presente e fala do futuro com ideias tão ultrapassadas quanto combater comunistas em 2024. Entrando quem prova ter aproveitado o que lhe foi ensinado em casa e na escola, estando capacitado para atividades intelectuais e físicas em alto nível, voltadas para a engenharia da paz. Exército e paz? “Cojumina”?

               Estamos em um exército de imaginação e as pessoas com maior graduação na hierarquia, vão resolver conflitos reais e os novatos, aplicam a ciência na prevenção e proteção. Neste momento não temos o pançudo que custa caro e criamos uma missão desde o primeiro dia: promover a paz e a harmonia. Para saber se a pessoa está bem formada e merece nossa gratidão, é ela quem vai provar que é capaz de evitar conflitos e caso não consiga, terá que carregar o peso do fracasso: vai para o campo de batalha na linha de frente.

               Então tem arma de fogo, tiro, bomba, tanque, avião, navio e muita pólvora? Pode ter, porém e inegociável, jamais estará na mão de quem é novato neste exército de imaginação, ou seja, quem passou por toda a formação, está em maior graduação e nível hierárquivo é que vai ao combate físico e armado. Afinal, a sociedade investiu muito para ter o melhor, nada mais justo que o alimentado por este investimento, prove que está pronto. A consequência natural da alta capacidade cognitiva, sinalizando que estará com “a pele em jogo”, nos dará uma pessoa será capaz de perceber quando chegou a hora de sair do exército de imaginação. Há o risco de fracassar na missão de promover a harmonia e a paz, a inteligência produz capacidade de perceber e entender este fator. Logo, sabendo desde o início da carreira que o fracasso o colocará na linha de frente, no campo de batalha, saberá também se tem condições físicas para atender a esta obrigação. Outra coisa que saberá desde o início: ao sair, terá a remuneração suspensa, participando dos benefícios e regras iguais aos cidadãos que não pertencem a este exército. E, antes que o leitor tenha pena desta pessoa, lembre-se que recebeu a melhor formação, está com o melhor conhecimento e atualizado em altíssimo nível, ou seja, sem nenhuma dificuldade de aplicar tudo que aprendeu e ser feliz em outro trabalho. Sair do exército e trabalhar? Mais uma vez lembre-se, não será uma pessoa com a pança avantajada, pensamento ignorante e sabedoria invertida.

               O que será feito do exército real e como será a sustentação financeira do lixo gerado, é uma questão simples, dessas que quem não entendeu a lógica vai querer desqualificar com toda a verborragia peculiar de quem acha que sabe de tudo. Fechamos a torneira, em metáfora. Tudo que está em compromisso assumido, será cumprido, até a natural extinção. Com alguns ajustes é claro. Por exemplo: Pensão.  Piada pronta né? Lógico que não haverá, simplesmente porque nem deveria existir atualmente. Plano de saúde, colônia de férias, auxílios, bonificações, tudo submetido a torneira fechada. Aposentadoria? Depende. Regras iguais ao trabalhador comum, inclusive critérios de idade e tempo de trabalho. As instalações físicas, equipamentos e armas, devem ser transformadas em dinheiro, tendo suporte em lei irrevogável, destinados a financiar a “previdência militar”, aquele saldo que ficará com os compromissos assumidos. Mesmo sem conhecer o inventário deste patrimônio, temos evidências de que será suficiente para pagar os “dodóis” e ao completar a extinção, ainda vai sobrar um bom tanto de dinheiro para fortalecer o exército de imaginação.

               Um detalhe importante é a remuneração. A base, o principal digamos assim é igual para quem entra e para quem está no topo da hierarquia. A progressão deve permitir que ao final da carreira o veterano tenha até o dobro do iniciante, em bônus conquistados através de provas aplicadas. Critérios óbvios para aumentar a renda: gabaritar provas físicas e de conhecimentos, formuladas por pessoas da sociedade, habilitadas a testar o nível em que está o nosso candidato a progressão. Simples assim. Benefícios? Quer mais do que aumentar a sabedoria e capacidade física de graça? Quer mais do que pertencer a elite do conhecimento científico e tecnológico? Quanto vale a oportunidade de ter acesso ao que compõe a engenharia da paz? Se tu desejas mais do isso, tens a liberdade de não entrar. Ao momento que escolher esta carreira, está feita a tua opção, com direitos e deveres muito bem definidos. A tolice não “cojumina” com a elite, portanto, o benefício real está posto.

               Já existe (é inegável) a tecnologia, a fonte do conhecimento e a inteligência para substituir milhares de seres humanos, milhares de armas a base de metal e pólvora, por novos formatos de resolução de conflitos, seja por via bélica, financeira ou diplomática. Nós, pessoas da sociedade não militar, devemos acordar para uma percepção mais do óbvia: enquanto pagamos para alimentar os nossos atuais pançudos, suas viúvas e tão frágeis proles, enquanto optamos pela exposição dos nossos jovens ao retrógado método que pode levar a morte, enquanto fascinados pelo passado mantemos nossos recursos em uma “força” fictícia, simplesmente ficamos um passo atrás. Sim, aplicando nossos recursos em algo mais avançado do que tanques, metralhadoras e máquinas de moer carne, nós estaremos um passo à frente. Lembre-se: tolice é usar o passado para fantasiar o presente. Tolice também é acreditar que estamos protegidos, caso quem esteja hoje vários passos à frente, venha confrontar os nossos que estão muitos passos atrás. Rastejar na lama com uma arma em punho, serve para divertir quem está vendo a cena a quilômetros de distância, em frente a um aparato que pode destruir milhares, sem pingar uma gota de suor, a um custo menor do que a soma das aposentadorias e dos pançudos, com tudo que se gasta para a manutenção de suas riquezas “não declaradas”.

               Grosélia! Será…?

*agradecimento especial ao corretor automático, que ao trocar exercício por exército, me inspirou a escrever este texto.

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