Liberal raiz, neoliberal, liberal gourmet, liberal à la carte, liberais caricatos ou de todas as correntes fundamentadas de pensamento (aos que tem algum), também liberais indecisos e liberais que estão no embalo do “melhor do que ditadura comunista”. Todos com uma característica em comum: até a próxima…
Liberal até a próxima… Crise. A quem os nossos liberais do hype recorrem quando o mercado entra em crise? Sim, a resposta é ao Estado, governo. É teu direito pensar diferente ou até mesmo não ler além deste ponto. É livre e teu direito também, optar pela tolice enquanto outros liberalmente preferem evitá-la. Não faltam exemplos na história recente de crises no mercado que levaram aqueles que se declaram liberais a pedir socorro ao Estado. Perceba como a tolice de se achar liberal, aproxima-se do contraditório, afinal os liberais abominam o Estado e todas as formas de assistencialismo. O Estado socorrendo o mercado, é uma forma de assistencialismo? Resposta óbvia a quem já deixou a tolice bem longe. Já aos “liberais”, tem outras respostas, alguma construção de raciocínio peculiar, onde a culpa de tudo será do Estado e o fato deste salvá-los, jamais será considerado uma assistência. Tolice imensa. Estado socorre o mercado desde sempre. Troque a palavra socorre na fase anterior por qualquer coisa que remeta a pagar a conta. Exemplo: absorve a crise, assume o fracasso deles, compra o prejuízo, absorve o impacto, facilita a vida, etc.
Liberal até a próxima… Concorrência pública. Quem vai deixar de ganhar um bom dinheiro por ter uma ideologia contrária ao Estado? Basta explicar que o governo é ao mesmo tempo cliente e fomentador do mercado e está promovendo o giro da economia da qual os liberais estão participando ativamente. – A frase anterior tem alto grau de ironia. – Perceba o tamanho da tolice que é se declarar liberal, quando a própria renda está totalmente vinculada ao governo de algum lugar. A antitolice nestes casos, é observar de onde vem a renda real de quem está criticando o Estado o tempo todo. Claro, precisamos lembrar que há uma formação teatral em tudo que é publicado por quem está neste meio, sendo mais difícil de saber somente via Google. Uma forma simples de perceber a falsidade é a frequência na crítica, a energia na fala, citações de Adam Smith e até dos Estoicos. – Novamente, a frase anterior tem altíssimo grau de ironia.
Liberal até a próxima… Folha de pagamento. Aqui eu devo registrar que estou rindo ao escrever. Sabe o General filiado ao Partido Liberal? Então vamos pensar juntos. Qual a fonte do pagamento do “salário” dele? Seria o mercado? Pessoas com renda diretamente vinculada ao Estado, autodeclaradas liberais e convictas que ninguém percebeu a contradição. Se for o teu caso, é muito simples, basta juntar-se aos que praticam a antitolice e deixar de falar bobagens.
Liberal até a próxima… Disputa judicial. Adeus liberalismo e vem cá querido Estado me ajudar. Fácil ouvir nestes casos algo como: “precisamos de leis melhores que protejam quem está certo”. Já ouvi também a frase: “a lei protege o bandido”. Quando acontece algum litígio, alguma disputa, os liberais esquecem que vomitavam tolices do tipo o Estado é muito grande, muito pesado, não precisamos do Estado interferindo em nossas vidas. Uma afirmação comum vai para debaixo do tapete rapidinho: “o mercado se resolve sozinho, autorregula.” Sério?
Liberal até a próxima… Quebra. Vamos entender quebra como falência ou negócio que não progrediu. Sem exceções, para os liberais, de quem foi a culpa? Do Estado. Jamais um liberal é engolido pelo mercado, ele perde para os impostos, para a burocracia, talvez para a corrupção, sempre perde para este governo aí que não faz nada para melhorar a economia. Muita tolice, mas, é a realidade. São empreendedores! – É só uma ironia a mais chamar tolos de empreendedores.
Liberal até a próxima… Onda. Se em algum momento passou pela tua cabeça o ditado popular: “enquanto houver otário, malandro não passa fome”, tenho a impressão de que vamos nos unir em busca da antitolice. A onda que leva e traz o liberalismo, tem muito a ver com o ditado que citei. Ainda que quanto aos novos liberais, especialmente assalariados e dependentes do governo, tenho profundo respeito pelas liberdades que eles defendem, impraticáveis sem hipocrisia, mesmo assim respeito pela ingênua forma de ver a vida. O mundo ideal seria bem próximo deste utópico projetado por eles. Mesmo flertando com a anarquia, o sonho do liberalismo poderia ser uma solução para a vida feliz. Mas, o que fazer com as contradições? Malandro não sobrevive se houver Estado atuando.
Hoje ouvi uma pessoa muito jovem, talvez na faixa dos 20 anos de idade, com efusivos elogios e endeusamento a um trilionário norte americano. A ele a pessoa estava cedendo os louros da vitória em tudo o que as falsas informações entregaram para ela e que serão em breve desconstruídas naturalmente. Sim, os jovens também percebem as tolices. O que foi vendido como invenção dele, na verdade veio de aquisições ou a fonte já existia há muito tempo, nada foi criado em sua tela. Até mesmo a referência ao espírito empreendedor que a jovem verbalizou, inspirada nas proezas do trilionário, será motivo de decepção. Uma frase dela falada com entusiasmo me fez escrever este texto: “(…) só faz coisas sensacionais! Sabia que ele inventou o carro elétrico e um foguete que dá a ré?”. Show! Mas… O carro elétrico existe há quase dois séculos e o foguete, bem, pode ter alguma participação de pessoas ligadas a ele, com um detalhe chato: quem pagou foi o Estado. As realizações maravilhosas dele são demandas de um contrato bilionário com o Estado, ou seja, sem este detalhe, o brilho nos olhos dela não estaria tão visível assim. Sem o Estado não existiria nem existirá os trilionários liberais. A falha na interpretação de conceitos, também é uma tolice que podemos evitar.
Liberal até a próxima… Desconstrução.
